sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Abram bem os olhos, agucem os ouvidos...


Abram bem os olhos, agucem os ouvidos...
Sou cigana guerreira, indomável, destemida!
Não temo noite escura, nem laço armado!
Nada temo... Nesta minha nômade vida!

Acheguem-se os bons, os justos, os de paz!
Calem-se os néscios, os falsos e malfeitores!
Sou do bem... Mas sei ser veneno também!
Já vi muitos cordeiros cruéis e ditadores!...

Trago nas entranhas absurda valentia!
Fui batizada com a energia da lua cheia!...
Que importa perder mais esta passagem?
Meu Deus é meu escudo, minha candeia!...

Unam-se inimigos perversos e vorazes!
Camuflem suas maléficas intenções!...
Nada deterá meus passos rumo ao ideal.
Os deuses abençoam minhas aspirações!

Uma cigana nunca cai, jamais perde a luta!
Cinjo-me com o fogo das deusas vestais,
Com o manto de São Jorge Guerreiro!...
Santa Sarah Kali me defende de Satanás!

Abram bem os olhos... Agucem os ouvidos.
O mal que se faz, volta; volta sem piedade!
Sua volta é um vulcão que a tudo varre!...
Eliminando toda vil intenção e iniqüidade!

Confabulem, planejem enquanto há tempo...
Esta cigana seguirá serena, amada e feliz!
Dançando, sorrindo, fazendo muitos amigos.
Sem se deixar abalar por atitudes hostis!

Vejam... Olhem-me bem... Estou de pé!
Cheia de saúde... Amor... Paz e alegria!...
Jamais me deixarei levar pela mesquinharia.
Tenho proteção... Deus me faz companhia!

* Mary Trujillo

Vem dançar comigo






 Vem cigano dançar comigo,
A noite é mágica, quero festa!
O mundo girando, o luar brilhando

Seus olhos de mistério,
Meu corpo embalando...
Dança cigano, gira sem parar,
Não importa onde tudo irá terminar...

Hoje só quero a vida celebrar,
Numa torrente de encanto me deixar levar...
Além do horizonte, pelo ar, música
Vibrando, sangue nas veias, no meu olhar...

Que o amanhã, não exista,
Que o véu seja tirado...
Sonhemos hoje, acordados...

Mary Trujillo

Voltei meu cigano!




Há quantas eras nos queremos minha vida?
Voltei meu cigano, sou teimosa, voltei!...
Uma cigana nunca desiste, ama e insisti.
Você é meu, eu sei, eu sei, sempre o amei!

Na boca trago o beijo da saudade milenar.
Venho disposta a enlouquecer, quero amar!
Na minha dança frenética, quero prender
Seu corpo, beber seu licor, até o sol raiar!

Que essa fogueira seja eterna, luzindo, 
Refletindo todo o desejo que nos queima.
A festa é nossa, o resto? – Pouco importa.
Sou sua cigana aquela... Doce e pequena...

O tempo passou, mas seus olhos são
Os mesmos, a paixão ainda está neles.
Tudo é tão mágico, insólito, tão quente...
Fascinada me vejo em seus olhos verdes.

Vai cigano, confessa, agora será para sempre.
Chega de adiar, negar o que o coração sente.
Pagamos o pecado, solidão de todas as vidas.
Sina cumprida, nova existência, alegria presente!

Viva nos dois viva o amor, o Criador!
O céu que nos assiste, a estrela guia!
Essa música que nos envolve e inebria!
Viva a nossa redenção, vida minha!...

Marilena Trujillo

Sonho Cigano




Embala-me nas asas de um belo sonho.
Beija-me amor meu... Cigano amado...
Funde teu olhar tristonho no meu risonho,
Leva-me em teu mágico corcel alado!

Faz-me tua brilhante estrela, tua nívea lua.
Nesta noite de fogueira, sedução e festa,
Ofereço minha pele alva, rósea e nua...
Girando, arrebatada e ardorosa sob a tua destra.

Bordando teu corpo na leveza dos meus dedos,
No mais alucinado, voraz e selvagem delírio,
Entre voluptosos abraços... Beijos sobre beijos,
Deste nosso tão desejado e encantado idílio.

Quero ser tua cigana... Tua bem-amada...
Me perder na tua boca macia e orvalhada,
Adormecer no teu peito... Feliz e realizada,
Despertar faminta e febril na madrugada...

Somos tu e eu, toda a beleza na nossa raça,
Desafiando, sem temor, toda a maldade nefasta.
Guerreando contra toda a injusta causa...
Bebendo bondade e amor na mesma taça!...

Marilena Trujillo

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tenda Cigana (tsara cigana)




Existem duas tendas em minha vida
Uma é feita de cetim colorido
Nas paredes pendem laços de fita
Ao fundo uma roda de carroça simboliza as terras percorridas

O chão é de terra, para com a natureza entrar em comunhão
Em um cantinho guardo pertences queridos
As castanholas, o pandeiro, violino e violão
Símbolos sagrados de um povo sofrido, mas que traz a alegria como principal condição

A outra tenda é feita de pensamentos e energia
Morada do meu espírito ,da alma em crescimento
As paredes são feitas de sentimentos de alegria
O fundo é feito de sublimes anseios

Em um canto cultivo a devoção a Santa Sara, do meu povo a padroeira
Ao centro tenho a força de Deus , sublime proteção
Sou cigana queimo as tristezas numa fogueira
Tenho duas tendas , uma da mente outra do coração

Jade Camargo