sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cigano meu cigano fogoso e dengoso…



Cigano meu cigano fogoso e dengoso…
Como é bom ser levada em teus braços…
De brasa ser atiçada, queimada por teu fogo…
Morder tua boca, beijar, alisar teus traços….
Cigano de olhar tristonho e febril..
Vulto adorado nas noites de insônia…
Teus carinhos lembram a cachoeira…
Debruçada… sobre a bela begônia…
Cigano meu, misto de deus e duende,
Mistério que não acaba e me prende…
É teu meu pensamento, meu corpo…
Sou feliz assim, cativa… dessa corrente…
De ti respiro… bebo vida… energia…
Me perco e me encontro em teu corpo.
Na dança sutil exalando perfume, paixão.
Vinte é quatro horas de amor… é pouco!
Cigano meu, quente, de peito macio…
Quero beber o prazer na tua taça…
Rodopiar, girar, bailar no teu arrepio…
Dar continuidade à nossa bela raça!…
Vem cigano meu, me abraça, me caça!
Sou tua para sempre, de graça!…

Marilena Trujillo 


Sou a leitura da sorte



Sou a leitura da sorte
Nas linhas da tua mão...
Sou o sentimento forte
Que te mata de paixão!

Sou sonho da madrugada
A Poesia em teu papel...
Se te olho enamorada
Te derretes... feito mel!

Sou a água que te banha
Que por tua pele... escorre...
Sou teia e sou aranha
Que te envolve e... percorre.

Sou a cama em que deitas
O lençol com que te envolves...
Sou a dor que rindo aceitas
E amando, me devolves.

Sou conhaque, sou champanha
E sou a taça onde bebes!
Sou a loucura tamanha
Que em tua loucura... segues!

Eu sou carta de Tarô
Que te decifra... e domina!
De amor te cubro, Pierrô,
E me despes... Colombina.

Com o olhar te hipnotizo
E mergulho em teus mistérios...
Mas o que adoro e preciso
São estes teus olhos... sérios.

Sou luz do Sol, sou Luar...
Sou teu céu, teu paraiso,
Me espelho no teu olhar
E dentro de ti... desliso!

Sou fada, mulher, sou flor
Da cor dos bons vinhos tintos...
Que estendida em teu amor
Percorres meus labirintos...

Sou a sensualidade
Que em ti eu decifrei.
Amor, sou tua cidade
E do meu reino... és Rei!

desconheço a autoria

Cigana feiticeira...


Cigana feiticeira... Nômade do mundo...
Olhos de menina... Corpo de mulher...
Dona de gostosos mistérios, dengosa...
Sua sorte... Nas cartas pode prever!
Sabe o quanto é amada... Idolatrada!
Está em suas mãos o doce destino...
Saltita ela... Sobre o fogo da paixão...
Não importam as pedras do caminho!
Essa cigana tanto sofreu, tanto esperou!
Pisou em tantos espinhos, tanto chorou!
Levando na alma o seu cigano idealizado...
Aquele por quem tantas vezes suspirou!...
Agora o tem perto, tão seu, tão apaixonado...
Por esse amor conspiram os deuses, o céu!
Não há mais noites tristes, solitárias e frias...
Só a paixão lançando esfuziante escarcéu!
Baila a vida, bailam suas pupilas, o coração!
São duas crianças inocentes... Extasiadas...
Vivendo um afeto impar, um grandioso sonho!
Que lhes dá asas nas belas madrugadas!...
Faz-se o dia pura alegria... As noites mil fantasias.
Vão os dois sem ver maldades e nem ninguém...
No beijo que cura todas as dores passadas, vividas!
Embevecidos, unidos nesta vida e bem mais além!
Ainda que invejados, seguem corajosamente...
Dois amantes que o mal não separa, não vence,
Não amordaça... Não cala... Não amedronta!
Esse mundo de encanto e paixão a eles pertence!
Em sussurros desconexos e febris se deitam
Revestem-se de mil fagulhas seus desejos!...
Libertam-se de todos os tolos preconceitos...
E amam-se por inteiro.. Sem qualquer pejo!...

Mary Trujillo 

Vem cigano dançar comigo,

Vem cigano dançar comigo,
A noite é mágica, quero festa!
O mundo girando
O luar brilhando
Seus olhos de mistério,
Meu corpo embalando...
Dança cigano, gira sem parar,
Não importa onde tudo irá terminar...
Hoje só quero a vida celebrar,
Numa torrente de encanto me deixar levar...
Além do horizonte, pelo ar, música
Vibrando, sangue nas veias, no meu olhar...
Que o amanhã, não exista,
Que o véu seja tirado...
Sonhemos hoje, acordados...

Mary Trujillo 

Este coração cigano


Este coração cigano
não me engana,
quer fugir livre quer voar,
andar na terra e no mar
por longa estrada, caminhar!
Sou cigana de coração
já li isto na minha mão,
vivi na poeira do caminho
tive muitos lares e ninhos!
Meus olhos vivos falavam,
crispavam feito felina,
na fogueira eu bailava,
meu nome era cigana Alina!

Marta Peres

O som do violino ia longe


O som do violino ia longe,

mais parecia lamento e dor
pela cigana amada, castanholas
enchendo o ar... Zíngaro sentia
sua presença forte, levava a mão
ao vento tentando tocar um rosto,
procurava uma boca sentindo
perfume, contorcia-se dentro
do sofrer de amor. E o homem alto,
moreno, olhos verdes, chorava
sem poder sentir o sabor dos beijos,
vagava perdido em seu destino
a procura da cigana de sua vida.
Volvia o olhar aos céus, orava com
fervor, pedia ao Pai que devolvesse
a dona do seu coração!

Marta Peres

Os olhos ciganos



Os olhos ciganos

São pérolas negras reluzentes
Carregados de mistério e desconfiança.
Olhos vívidos e expressivos
Cujo fitar revelaUma peculiar diferença
Dos olhos dos outros Homens.
Cigano não olha simplesmente
Move as pestanas e mira...
Mirada que descortina
Os mais secretos pensamentos.
Nos olhos ciganos
Há um mistério incontestável
Na estranha expressão de fitar
Que traspassa o âmago do ser
Sabedoria milenar
De um povo profético.
Os olhos ciganos 
São a marca inimitável
De um povo livre e honrado
Que nunca declarou guerra
Para ocupar terra alguma.
No mundo e com o mundo 
Os ciganos vão girando...
Recusando “o jugo da mediocridade”
Levando no enigmático olhar
O silêncio do “Saber” 
Gitano Inconfundível, intransferível...
Eterno.
...Ártemis