domingo, 23 de outubro de 2011

Uma trágica noite (Rac saví ni bistarav)







Dormia no meu carroção

quando ouvi alguém gritar,
levantei-me pronto para fugir
mas me chamaram por nome,
eram os policiais.
Via os meus meninos
a dormir docemente
peguei nos braços o menor
deixando sua caminha molhada,
precisava escapar? que fazer?
não era a primeira vez,
aquele pequenino não chorou
deitou-se entre meus braços
abriu as mãos
mas por medo
fez xixi na terra.
No coração senti então forte o peso
do destino dos Ciganos,
pela primeira vez blasfemei
por ter nascido azarado
e por ter nascido Cigano.


Em romani:

Sováv ánde mi kampína
ashunáv avrí, varéko galamí,
ushtilém sa chidén pe te ladén,
den ma muj po anáv
e pachardé tradén.
Dikháv me chavrrén
sar guglé sovén
e naj tsiknorré vazdáv
achilá lésko thán chingó,
morá te ladá? so te kerá?
ináj prvo drom, ni merá.
Ali gejá tsiknorró
ni asvín ni muklá
iziló ánde mi angáli
e vah phutardá
tála péste darátar o than mutardá.
An dji pharipé pelá mánge
e rroméski bax, akushlém prvo drom
kaj sem bijandó bibaxtaló
the kaj sem bijandó sar Rrom.

Semso Avdic, Rom xoraxanó nascido em Banja Luka aos 11/2/1950, em uma família já sedentarizada.
Tornando-se adulto, Semso decidiu fechar para sempre a porta de casa e tornar-se novamente nômade, realizando assim um sonho que tinha desde menino.
Vive em perfeita coerência com a vida que escolheu, partilhando alegrias, ansiedades e dores com sua gente, mudando-se de país para país, sofrendo frequentemente as contrariedades e as humilhações que a sociedade dos gadjê impõe a quem vive de maneira diferente.
Vencedor do terceiro prêmio de poesia na edição de 1986 do concurso "Nosside"(Messina), exprime através de palavras simples sentimentos profundos e intensos.

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