quarta-feira, 12 de março de 2014

Pela estrada bem florida



Pela estrada bem florida
Vou parando no caminho
Levando uma braçada
De graciosa margarida
Ao sentar na sombra amiga
Encho o meu bule de flor
E assim eu vou querida
Distribuindo amor
Povo forte e valente
Que ama e que conduz
Todos os seus descendentes
Com alegria e luz
Proteção, amizade e respeito
É o sentimento perfeito
De um gitano compromissado
Pelo povo andarilho
Não ficar todo espalhado
Que todos sigam a trilha
E unidos como mantilha
Mantendo a sua gente
Por debaixo da mantilha.

* Rosa Mel. 

♣ ♠ ♦ ♥ 






Eu não me engano...



Eu não me engano
Todos são ciganos
Você me engana
As pessoas não são humanas
Moedas falsas também me enganam

Mas eu sou cigano
Persigo meus sonhos
E espero a noite chegar
Para que eu possa sonhar
As crianças não me enganam

Ninguém é inocente
A chuva não engana ninguém com uma enchente
Nem suas mãos me enganam mais
Pois eu sou cigano

Persigo os meus sonhos
E espero o dia chegar
Para que eu possa caminhar
Até breve até, até breve.

* Lucas Santinho

São saltimbancos, andarilhos das mil e uma noite Salpicadas de estrelas...



São saltimbancos, andarilhos das mil e uma noite
Salpicadas de estrelas.
Desmentem a vida em seus corcéis alados,
E viajam transportados pelos sonhos em seus dorcéis.
Penetrando nas curvas do infinito, disseminam sabedoria
Debulhadas nos mistérios que cercam seus menestréis.
Os alongados silêncios, com o fascínio da magia,
Envolvem os olhos alongados, que alcançam o íntimo da alma
Dos viajantes, arquejantes, na imensidão, que principia
Nos acampamentos, nos espaços e entre laços, até ao canto de infinita calma.
Entregam-se aos primores do aparato em uma marcha sem rumo,
Percorrendo vales e montanhas com sonhos ofertados pelo mundo.
Transformando em abrigo os campos,
Com teto de céu constelado,
Seguem contentes e viris desafiando pragmáticos,
O que demonstra febril, uma simples tenda nos matos.
Bravo povo corajoso! De peito aberto ao malsã,
Defende com galhardia, a sua vida, seu clã.
Valentes cruzam com a morte, sem espada e sem boréu
Fazendo de sua beleza as pompas de seu troféu.
Arde o fogo estilhaçando, e contornando o perfil
Do corpo que numa dança se entrega ao desafio
De vencer, de conquistar, de ao amor se entregar
Numa volúpia de intentos... exalam ao cantar
Melodias flamejantes em um delirante arquejar.
Solto assim, a bela cigana, acompanhando a miragem,
Enfeita com seus encantos a lúgubre paisagem.
Valorosos caminheiros que desafiando o tempo,
Ressurgem no ar primeiro, como do amor o mais sedento:
Os intrépidos aventureiros; filhos do sol e do vento.

* Rose Arouck

Sou feito do amor...



Sou feito do amor, do carinho, da ternura e do fogo ardente da paixão consumida,
de feitiços cigano no coração, 
canto e me encanto com a lua,
faço oração às estrelas em romani 
misturando os dialetos com uma magia 
capaz de despertar em teu ser uma louca paixão, 
tenho em mim o brilho das cores do mar 
trago nos olhos a visão verdadeira das candeias do amor que estas descrito na palma de minha mão, 
ando com o cabelo solto ao vento montado em meu alazão, tenho nas veias o sangue derramado de meu povo injustiçado e perseguido 
um eterno errante com orgulho ferido,
falo do presente desvendo teu futuro e 
se quiser revelo teu passado o mundo e meu quintal nada me atinge ou faz mal, 
pois na minha cintura trago o meu punhal, 
gosto da mais nobre seda com muito brilho e cor, 
uso anéis, colares e brincos do mais puro ouro, 
sou dono de uma fé inabalável 
fiel aos meus princípios e um amante voraz que nunca te deixara em paz...

* Miguel A M Côrrea

Livre como o vento



Livre como o vento
Sigo a vida amando como nunca
Sempre durmo ao relento
Sem nenhuma regra
Vivo conforme o tempo
Sem se importar com o amanhã
Hoje é sempre é o meu dia
Sou feliz assimAdoro essa vida vadia
E esta é a minha natureza
Uns acham que é pura covardia
Não concordo
É uma questão de filosofia
Pode ser até rebeldia
Vida cigana, vida sadia
Coração cigano, coração insano
Sou cigano sem moradia
Moro em seu coração
Porque sempre muito amor irradia
Questão de estilo de vida
Pois vivo somente por um dia
E esta é a minha única tentação
Eu até que não diria
Para mim é pura emoção
Penso somente neste alegre dia
Porque vivo com o coração
O amanhã é outro dia
Vida nova em explosão
Vida cigana, vida insana
Vida livre, livre vida
Vida libertina, vida de amor
Amor à vida...
Vida ao amor...

*desconheço a autoria

Vidas, o que são estas vidas



Vidas, o que são estas vidas,
além de bandidas,
iguais a de um monge.
Vidas que são passageiras,
que se vão quase inteiras,
para muito bem longe.
Eternas são estas vidas,
que permanecem escondidas
na minha mente insana.
A vida que não pode ser contida,
e nem mesmo abatida.
È a vida que me engana.
Vidas, são as mesmas vidas,
passagens encardidas,
de minha vida mundana.
Vida... apenas uma vida,
Apenas uma saída
para minha vida cigana.

* Rogertal

Meu doce amor gitano






Meu doce amor gitano
Tu és o que encontrei
De melhor em minha vida
Tu és doce, lindo e puro
A canção que soa clássica
Em meus ouvidos
Me engalanando de prazer
O Flamenco Gitano
Que revoluciona todo o meu ser
A Paz do meu espírito
A minha alegria de viver
Da minha alma o clarear
Ao anoitecer
Homem da minha eternidade
Tu és do meu coração o amanhecer
Esperarei até que estejamos prontos
E finalmente viverei contigo
O nosso doce Amor Gitano
Com beijos doces como o mel
Te amarei para sempre...

*Perla Cigana

A paixão é um fogo que arde



A paixão é um fogo que arde
Não conhece limites não se mede
Tinge o peito de rubro e o coração invade
Tornando difícil a ausência nos dias que segue
O amor é saciável

É a busca e o achado
Os sentimentos no coração se encaixa confortável
O sentimento cresce e é amparado
Para os ciganos o amor é legado
A paixão é momento
Um traz um sonho encantado
O outro um grande tormento

Paixão é fogo
Amor é brasa
O fogo queima e apaga
A brasa permanece e deixa iluminado!

* Jade Camargo

Tens um jeito de eterno cigano



Tens um jeito de eterno cigano
e teu destino é voar sobre rios e mares.
Vais longe, longe, o mais que podes:
Bahia, Alemanha, Peru, Tefé...
Vais para longe de mim,
ganhando o ar de pássaro nômade.

Vais ver auroras que eu nunca verei,
pores de sóis estranhos aos meus olhos;
vais provar frutas,
que em colheradas de palavras degustarei;
e vais sentir de perto as terras
que meus pés quem sabe sentirão...
Quando chegas,
pousas em tua fonte,
reconheces o ninho e descansas.
E por dias, ficas cantando
com um sotaque estrangeiro,
coisas de amor sem fronteiras...

*Rosa Clement

Danças ao redor do fogo, meu adorado Cigano



Danças ao redor do fogo, meu adorado Cigano.
Teu corpo suado, teu olhar que penetra minh'alma,
tal qual um punhal de prata, tocando meu coração,
me instiga a seguí-lo nesta dança Cigana.

Entrego-me em teus braços meu adorado Cigano,
me apertas contra teu peito,
fazendo-me flutuar nos passos desta dança,
ao som de violinos que nos excita,
e nos envolve em fortes desejos.

Teu olhar, tuas mãos
quentes,teus passos firmes e bem cadenciados
nos levam a bailar ao redor do fogo que brilha intensamente
fazendo-se arder em nossos corpos o calor do desejo,
da entrega, neste Amor Cigano!

*Thais S Francisco

Sem fogueiras, sem rubis ou esmeraldas





Sem fogueiras, sem rubis ou esmeraldas
Apenas o testemunho das águas
Guardam nossas tardes de amor encantadas.
Escuto o canto dos pássaros
Fitando os olhos de meu amado...
Neles me perco, neles me embaraço
É assim que me acho!

O coração bate acelerado, foge do compasso
São os acordes de seu banjo
Ou o desejo de me entregar em seus braços?
Não posso deixar de lembrar...
Esqueci aquele moço gajo.

*Valéria Fernandes

Menina levada, Peralta e faceira



Menina levada, Peralta e faceira
Andava nas trilhas ciganas
Amava espiar
Com seus cabelos esvoaçando
ao vento, um sorriso nos lábios.
Enfeitada com belos adornos.
Seu sorriso puro e singelo
A todos encantavam.
Quem hoje é essa menina?
Será que ainda é bela?
Ainda tem sua alma cigana?
Ainda vive se nela?
Doce menina é
Mas também uma bela mulher
Seu espírito vive a bailar
Nos pensamentos de muitos
Sua alma livre voa
Seus lábios um hino entoa
Seu coração canta o amor cigano
Embalado pelo som do violino.
Doce menina mulher
Seu corpo preso está
Mas, o que é um corpo.
Se o pensamento pode voar?
Escreve-te no coração das pessoas
Deixando as palavras voarem
Fala-te de amor, amizade e ternura.
Quando tudo que queria era
Ter alguém que te amasse!
Abre teus braços ao vento
Senta-te na mureta da ponte
Mergulha teus olhos nas águas
Para ver seu reflexo a chorar.
Ergue-te menina mulher
Enxuga as lágrimas e se vai
Canta uma melodia
Dança para se alegrar
Lá se foi à tristeza
A alegria veio morar...
Ninguém te conhece
Ninguem sabes teu nome
Você sempre será uma luz para muitos
Que não podem enxergar.

*Rosa D Saron

Um cigano desconhece endereço



Um cigano desconhece endereço,
não sabe incerto a que veio,
não tem início, fim ou meio e avesso
Um cigano desconhece mãe e filha
nunca viu sociedades como esponjas
suas casas formam conchas...
o mapa é uma trilha.
O mundo de hoje é um cigano
às vezes tenso, um planalto, um altiplano, 
um átomo, um vulcão imenso
um universo infinito
vasto em expansão, grão.
*Marcelo Moraes Caetano

E ela era livre, liberdade sua única religião



E ela era livre, liberdade sua única religião,
buscava seus sonhos nas estradas, 
vivia como se fosse seu último dia, 
último suspiro. 
Quando seu pai morreu chorou, muito,
depois limpou as lágrimas e 
foi cuidar do império deixado pelo pai, 
um imenso carroção que fazia os transportes, sentiu-se rainha!

Nasceu cigana, morreria cigana,
jamais iria procurar pela mãe,
não viveria presa em palácios!
Apegou-se com Pedro, por ele se apaixonou, 
calada amava sozinha, 
contemplava aquele corpo moreno, ouvia estórias, 
caminhava sobre as estrelas dentro do pensamento.
Seu quarto era o mais belo, dormia em sua carroça, 
tendo o céu como teto!

* Marta Peres

Longe da tenda – bem longe




Longe da tenda – bem longe
À beirinha do caminho,
Na carne nua sentindo
O verde fresco do trigo,
A cigana moça suava
E enchia as mãos com a terra
Que lhe servia de leito,
Enquanto para o céu rezava,
Que só o céu a cobria:
"Que a hora seja pequena!
A ceia não está feita,
A noite está a chegar,
E eu tenho tanto que andar!...”
E, enquanto ela assim dizia,
Ao lado do pão nascente,
Sozinha na mesma terra,
O ciganinho nascia…


* Maria José Rijo

Oh! linda cigana que nunca leu minha mão



Oh! linda cigana que nunca leu minha mão
mas sabe como poucas entender meu coração
cabelo liso solto ao vento
sorriso lindo rosto delicado
passas longe desse boêmio que lhe imagina a seu lado
em noites estreladas quando a lua clareia estradas
esperando que essa mão se estenda
esse andarilho procura sua tenda.

*Antonio Campos

Vou encantar-te dançando



Vou encantar-te dançando
Com olhares sedutores
E por trás de um leque dourado
Um sorriso malicioso
Vou convidar-te cantando
Para comigo dançar
O quanto estou te amando
Sorrindo vou confessar
Aprendi a jogar búzios
Tive lição com cigana
Já fiz chás e muitos infusos
Tudo para conquistar
Ela me ensinou brincando
Como fazer-te feliz
É viver estrelas contando
E ter o céu por juiz...


* Marina

Como Cigana não li o teu destino



Como Cigana não li o teu destino
Porque dentro de meus olhos, não te aprofundaste
Os olhos sempre serão o espelho da Alma
E a minha longe de ti, agora morre de saudades.
Sou Cigana, artista de muitas artes
Que canta e dança, tanto na alegria como na tristeza
Só não aguento me privar da Liberdade
Pois minha doce seiva, se mistura à da Mãe Natureza..
Em noites de Lua Cheia, ao redor das fogueiras ponho-me à dançar
Pois a Lua é minha verdadeira madrinha
O Céu é o meu teto, e à Terra quero me consagrar
A Liberdade é minha religião, mas de ti sou a Rainha
E como noiva misteriosa vou te acariciar.
Em teus sonhos vou voando, pouso correndo
Te alimento do meu mel, para teu desejo saciar
Mas, não queiras jamais em algemas me prender
Pois as Estrelas são meu destino
E para elas um dia irei voltar...
Graça da Praia das Flechas

* Autor desconhecido

O Acampamento prevê a sina dos viventes



O Acampamento prevê a sina dos viventes 
Levantou arraiais hoje de madrugada;
Nos carros, as mulher, com a torva filharada
Às costas ou sugando os mamilos pendentes;
Ao lado dos carrões, na pedregosa estrada,
Vão os homens a pé, com armas reluzentes,
Erguendo para o céu uns olhos indolentes
Onde já fulgurou muita ilusão amada.
Na buraca onde está encurralado, o grilo,
Quando os sente passar, redobra o meigo trilo;
Cibela, com amor, traja um verde mais puro,
Faz da rocha um caudal, e um vergel do deserto,
Para assim receber esses pra quem está aberto
O império familiar das trevas do futuro!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

Cigana lê a minha sorte,




Cigana lê a minha sorte,
diz se é vida ou morte este meu amor
Cigana de olhos morenos
ouve o meu lamento,

vem me socorrer neste mundo não há espaço 
para este passo que eu quero dar
Eu quero me deitar nas cartas
me fazer pirraça, me deixar sofrer
Uma luz que eu não vejo
um mundo que desconheço
mas que vive em mim eu sei
Muito negros são seus os olhos
negros também os cabelos
brilham no fundo estrelas sem fim
Minha morena seja quem for
dê-me este verbo
conjugue o amor
Cigana lê a minha sorte
diz se é vida ou morte
este meu amor
Cigana de olhos morenos
diz se é profundo o corte da paixão.


* Jurema Barreto de Souza

Ela não se aquieta



Ela não se aquieta em gramados tristes
Ela não lê mãos, mas reconhece almas...
Viaja o mundo em busca dos sonhos
e deles, jamais desiste.

Ela vibra quando o sol nasce...
Acaricia a rosa sem arrancar-lhe as hastes.
Sorri para lua e tal como ela
Vez em quando míngua...

Mas não se entrega nada a desanima.
O riso prevalece em sua face.
* Sirlei L. Passolongo

À sombra da tenda criada pela lenda



À sombra da tenda criada pela lenda
sua o cigano a barraca remenda
e nasce o engano nas patas do burro casmurro que teima em parar... aiiiiii!
e a noite de Verão que teima em chegar
à sombra da lenda contada na tenda
relembra o cigano seu estimado bichano que no pino do Verão
se finou por engano de tanto trabalhar... aiiiiiii!
e a noite de Verão que teima em chegar.
* Raul Alberto Cordeiro

CIGANA, Chegaste tímida



Cigana, Chegaste tímida, descalça e com lascívia no andar
E cantaste e tocaste a minha alma
E dançaste e provocaste o meu desejo
E simulaste, insinuaste e dissimulaste
E súbito olhaste no fundo de meus olhos e me desnudaste.
E as nossas células em rebelião bailaram de prazer
E suspiraste e mergulhaste e te abandonaste
na alegria de se saber mulher e desejada.
E de repente, sumiste e não mais voltaste.
E até hoje permaneceste na beleza e sensualidade
de todas as mulheres.


*José Eduardo Mendes Camargo

Amor Vital, fiel e Entusiasmado



Amor Vital, fiel e Entusiasmado,
Natural e tão leal...

Ternura ambulante,
Um coração pulsante...
Reinado da paz e da alegria,
Alforria, liberdade, paz cintilante...
Duas almas gêmeas dançando e cantando
Em torno de uma fogueira de paixão ardente...
Unidos pelo universo da carroça em movimento,
Mostrando ao mundo que o amor é puro sentimento...
As danças ao som do violino,
Músicas douradas bailando no ar,
O punhal cruzado sobre a rosa vermelha,
Ritual da fogueira e a proteção de Santa Sara...
Comunhão da estrela do mar com a estrela do céu,
Imãs que se atraem e que se fundem no fogo caliente,
Gitanas e gitanos dançando e batendo palmas ardentes,
A lua cheia e brilhante sorrindo, aprovando e aplaudindo...
Na roda da carroça, ouro, prata, castanholas, vinho extasiante...
O fuscando o sol o amor cigano resiste, persevera e segue adiante...

-desconheço a autoria-


Bom Dia, Cigano...



Que teu despertar, 
seja ao som do flamenco vibrante 
com tons que te invadam a alma 
numa paixão sensual, cheia de amor. 
Que te envolva por inteiro 
tal qual uma nuvem que chega e te possui 
para nos amarmos num delírio de saudades e reencontros 
Que nosso amor cigano, 
Seja único, a nos envolver em delírios de amor 
Que nossa vida seja única, neste viver 
Que é de muito amor. 
Que em noites de lua cheia nos amemos a nossa moda 
Do jeito que gostamos 
Pois nosso amor é cigano 
Cheio de magia e esplendor 
Um amor caliente próprio dos ciganos 
Que se querem, se amam e desejam!! 

Marici Bross